PROFESSORA AL MARE


Minha irmã Isadora compartilhava seu namorado comigo e a gente fazia ótimas surubas a três. Depois, a intimidade com o André aumentou e durante muito tempo andamos só a dois, eu e ele.

Foi ótimo porque arranjar emprego para estudante de Economia era muito difícil e acabei indo trabalhar na empresa de advocacia onde ele trabalhava. Devia ter estranhado… economista em advocacia… mas fui.

E fui muito bem recebida, logo percebendo a razão, pois todos me chamavam de Top Ten – justo eu, de gordinha a Top Ten. Não entendi toda essa simpatia de cara, mas era um hábito das festas de fim de ano: dez deles alugavam um saveiro e levavam as Top Ten e mais 7 ou 8 profissionais. O pau comia solto e as putas ajeitavam tudo de modo que nunca ficava nem uma Top Ten sozinha, ou nenhum advogado sozinho.

Mais interessante, no final, elas tinham comido os dez meninos, as dez Top Ten e mais um ou outro marujo do barco; todo mundo saía feliz. Elas ensinavam a gente a usar a língua que nem te conto… ela rodava no céu da boca e arrastava tudo pra fora numa enrolação louca. Ainda bem que ninguém tinha dentadura, ou descia também. Era de fato uma aula de boquete para ser boqueteira profissional. E eu aprendi.

Acabava a tarde, vinha a van e levava a gente de volta para a festinha comportada da empresa; a Isadora nem desconfiava e acabou casando com o André.

Entretanto o tempo passa para todo mundo e, com uns seis anos de trabalho redondo, devo ter arredondado um pouco e me tiraram da lista Top Ten, simplesmente me avisando que não iria mais ter saveiro. Pergunta daqui, assunta dali, descobri a verdade e ficou claro que eram as minhas gordurinhas e o peso dos anos que estavam me alijando da contenda, isso incomodou. E doeu.

Cheguei pro cunhado e expliquei que sabia que iria ter a sacanagem e que eu estava fora. Mas que eu podia ir muito bem como puta, só que sem cobrar. Era uma argumentação insofismável e para o público certo, do tipo juntar a fome com a vontade de comer; fui reincluída imediatamente na tripulação.

Já de dentro da van comecei a dar as aulas de boquete profissional nas novas Top Ten, o que reduziria o tempo de aprendizado com as putas. Era a economista ajustando a produção em relação ao tempo disponível. Todos aplaudiram a minha iniciativa duplamente profissional e responsável. As meninas ficaram empolgadíssimas, já que eu era conhecida, o que evitava um eventual estranhamento com as profissionais.

Funcionava assim, duas vinham comigo, aprendiam e passavam para o outro banco para treinar com os meninos, enquanto duas “novas” vinham se exercitar comigo. E assim por diante. Algumas diziam que não aprendiam, mas isso era para ficar de novo comigo. Safadinhas…

Mas, claro, deu zebra O motorista da van, vendo aquela chupação toda, pulação de banco toda hora – e aí já tinha esfregação direto – não largava do retrovisor e acabou batendo de leve em algum carro. Depois dos acertos diplomáticos e automobilísticos, como ele ficara muito cabisbaixo com o acidente, a turma o incluiu no saveiro, apesar de ter uns 50 anos ou mais. Foi uma bênção, o homem tinha uma vara privilegiada e todo mundo quis dar uma pegadinha nele. Na hora H impus minha condição superior e coube a mim tirar porra daquele cacetão, já que tudo aconteceu devido às minhas aulas…

Ô tarde gloriosa!

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